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Banksy: De vândalo a artista

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Em um período de dez anos, ele deixou de ser considerado um vândalo, que emporcalhava a sua cidade, e passou a ser admirado como um grande artista popular da Grã-Bretanha. Em sua cidade natal, Bristol, uma exposição de alguns de seus trabalhos recebeu tanta gente que durante três meses havia filas diárias de mais de três horas para entrar. Suas pichações – ok, suas artes de rua – atraem gente do mundo inteiro, que chega em dezenas de excursões, e são publicadas em inúmeros livretos-guias. Hoje, suas obras são vendidas em leilões disputadíssimos, por centenas de milhares de libras, e um novo trabalho, na parede de algum prédio, torna-se notícia em todas as estações da televisão britânica.

Mas quem é Banksy, o autor de tamanha façanha? Mais do que isso, como ele conseguiu a proeza de se transformar de maldito em uma espécie de Midas das artes? É o que o jornalista inglês Will Ellsworth-Jones tenta responder em “Banksy – por trás das paredes“, sucesso em livrarias do mundo inteiro, publicado aqui pela editora Nossa Cultura, com tradução de Ivan Justen Santana, e que entrou na lista dos dez melhores livros de 2013, segundo o portal UOL.

Na verdade, Ellsworth-Jones, um ex-repórter-chefe e correspondente em Nova York do jornal The Sunday Times, coloca um ponto final nas 352 páginas do livro sem responder a principal pergunta, que todos fazem: quem é Banksy? Nessa biografia não autorizada, o autor ouviu inúmeras fontes, menos a que, a princípio, mais importante era – o próprio artista.

“Quando terminei o livro pedi uma entrevista, mas ele me disse que só a faria com a condição de ler o manuscrito, aí recusei. Sua identidade não é algo conhecido por muita gente. Há investigações sobre o assunto na web, algumas bem boas. Mas no fim as pessoas perguntavam o porquê disso. Se ele quer manter sua identidade privada, por que não deixar assim? Senti que tinha material suficiente”, conta o jornalista.

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Talvez esse seja o pulo do gato do livro. Ao investigar a trajetória de Banksy, Ellsworth-Jones acaba por colocar uma lupa sobre a história da cultura do grafite na Inglaterra, as rixas entre os grafiteiros e, obviamente, o sucesso do biografado. O jornalista conta que ao entrevistar antigos adversários de Banksy, descobriu uma extraordinária lealdade entre os pichadores, mesmo daqueles que trabalharam com ele no início de sua carreira nas ruas. É exatamente por isso que pouca gente sabe, ao certo, quem o artista é. Até hoje se desconhece a idade, o nome verdadeiro e o rosto do grafiteiro.

Banksy esteve em Nova York, onde deixou inúmeras imagens pelas ruas, e acredita-se que esteve em Fortaleza, no Ceará, em novembro do ano passado, onde teria deixado o desenho de um menino urinando na parede do Batalhão de Choque da Polícia Militar, subversão que seria compatível com seu estilo. A autoria da obra, no entanto, ainda não foi oficializada.

“Acho que agora a arte de rua está no mapa das artes, mas não é o futuro da arte. Uma grande coisa sobre arte é que nós não sabemos o futuro, ela continua mudando. Quem poderia ter previsto os impressionistas ou Marcel Duchamp, Pablo Picasso e Andy Warhol? Banksy vai permanecer como um artista importante e o trabalho dele em tela, quem sabe, será comprado pelos maiores museus do mundo. Mas ele provavelmente não estará vivo para ver isso”, disse o autor, em entrevista ao portal IG.